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A matiné infantil para a garotada aconteceu em 2 de fevereiro |
1929 foi o ano em que se iniciou uma
grande crise na economia mundial, devido à quebra da Bolsa de valores dos
Estados Unidos.
Enquanto isso, no Brasil, os foliões,
carnavalescos e nos salões se cantavam, com todo entusiasmos, as marchas Dorinha meu Amor, Vadiagem, Gosto
que me enrosco, com Mário Reis; É sim
senhor, Seu doutor, Comigo não violão, com Francisco Alves e Sou da fuzarca e Não sou mais trouxa, criações de Benício Barbosa.
No Clube Português não foi diferente. Seus bailes de carnavais eram famosos. Noticiava o Diário de S. Paulo de 1º/2/1929: "Costumam ser das mais entusiasticas e pomposas as festas carnavalescas do Clube Português. Este ano abri-se-ão os salões da bela casa da Avenida São joão, para doi retumbantes acontecimentos da empolgadora quadra do imperador Momo.
O 1º, no domingo, dia 2 de fevereiro, reunirá a buliçosa 'gente de palmo e meio' num vesperal a fantasia, com muita alegria, de bombons, jogo de confete, serpentinas e, sobrehavendo, na mesma noite às 20 horas, sarau dançante para os sócios e suas famílias.
O 2º terá lugar no dia 11, das 22 horas em diante, e consite num baule carnavalesco, em forma, obrigatória de traje a rigort, fantasia ou branco, exclusivamente, para as famílias, com exceção da petizada que, essa, tem que dormir para acordar cedo e bem disposta no dia do Entrudo.
A sede do Clube receberá artística e original ornamentação, caprichosa e rica".
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Grupo de associados fantasiados para o carnaval de 1929. À esquerda, sentada no sofá, vemos a Sra. Maria Amélia D'Eça, e ao centro, a Sra. Sarah Costa, esposa do vice-presidente do Clube Português, Sr. Júlio Costa. Sentadas no chão, à esquerda está a srta. Helena Costa e, a direita, sua irmã Maria Antônia Costa, filhas de Júlio e Sarah Costa. Essas duas mocinhas serão futuramente animadoras do 1º Grupo de Danças Regionais da referida entidade |
Sobre esta festiva noite, eis o registro do livro “Ephemerides
do Club Portuguez de S. Paulo”:
"Se as festas do Clube, os seus saraus,
os seus vesperais, as suas magníficas reuniões lhe não marcassem, desde há
muito, um lugar de elite entre as mais distintas Associações de São Paulo,
bastaria o Baile de Carnaval, do dia 11 de fevereiro, para lhes assegurar
iniludivelmente. Foi uma bela noite de alegria, de encantamentos e de elegância,
com toda a graça e espírito inerentes ao festejo de Momo, sem uma nota
destoante que lhe perturbasse as folgas e os risos francos. Centenas de
famílias encheram nossos salões caprichosamente adornados, numa orgia de luzes,
de plantas e de corbeiles. A formosura
e a distinção das senhoras, algumas das quais ricamente fantasiadas dava
requintes de realce ao bulício das danças que animaram sem cessar até alta
madrugada. Foi cuidado e bem abastecido o serviço
de buffet. Os senhores Diretores foram incansáveis de gentilezas para com os
convidados e associados. Boa organização em tudo, e uma ordem que mereceu
louvores aos mais exigentes. Música afinada e incansável. A melhor sociedade da
colônia portuguesa e do meio paulista passou, esta noite, pelos salões do
Clube. E as apreciações dos menos dados a amabilidade eram unanimes, no dia
seguinte: “O baile de 11, no Clube Português, foi o melhor, senão o melhor, do
Carnaval deste ano, em São Paulo”.
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Os associados se divertiram à beça. Os jornais da capital, sem excessão, noticiaram o Baile de Carnaval do Clube Português
como o acontecimento do ano |