quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sacadura Cabral e Gago Coutinho - Ilha das Enxadas

Partindo de Lisboa em 30 de março de 1922, e após enfrentarem diversos contratempos — como a perda de um dos flutuadores, ou uma pane no motor que resultou na substituição da aeronave —, Sacadura Cabral e Gago Coutinho finalmente chegaram ao seu destino final em 17 de junho. Os aviadores pousaram na Ilha das Enxadas, Rio de Janeiro. Aclamados como heróis por todas as cidades pelas quais passaram, a comoção do povo brasileiro era evidente.

O Farey na Ilha das Enxadas 

Sacadura ao chegar à Ilha das Enxadas 

Rafael Pinheiro, notavel tribuno, sauda os aviadores em nome da cidade 

Os aviadores recebidos
no palacio de Cattete, pêla esposa do Presidente da República, que a
convidam para madrinha do Farey 17. No grupo, Madame Epitacio Pessoa e
suas três filhas, a Embaixatriz de Portugal e oficiaes às ordens dos aviadores.

Fotos: ABC, edição nº107. Portugal, 1922.

terça-feira, 31 de março de 2015

Sacadura Cabral



Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.

Entre as diversas travessias aéreas memoráveis que realizou, é preciso notar uma das mais arriscadas e grandiosas. Em 1922, efetuou com Gago Coutinho a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

A viagem teve fim em junho do mesmo ano, e em julho o navegador aéreo passou por São Paulo. O Clube Português teve a honra de recebê-lo em sua primeira sede em um palacete à Rua Conselheiro Crispiniano.

A Biblioteca Portuguesa de São Paulo tem documentado em diversos periódicos essa viagem, assim como algumas matérias sobre a vida de Sacadura.


Confira abaixo uma entrevista concedida à Revista ABC, nº90, em março de 1922:

"Entramos na doca do Bom Sucesso. São três horas da tarde. A chuva violenta, forte, cai sôbre a cidade e sôbre as águas tranqüilas do rio. O mar está sereno, quito, quási triste, pardacento. Os "hangars" estão fechados e os marinheiros recolhidos. A doca do Bom sucesso está abandonada ao mar que a toca sempre, umas vezes violento, agora brando, triste. O capitão Sacadura teve a gentilesa de nos esperar. Estamos na secretaria da Aviação Maritima. Passam vários oficiais. O capitão Sacadura, forte, baixo, a face queimada pelo vento, o olhar sempre vivo, voz de comando, rude e gentil, recebe-nos junto da janela do seu gabinete. Veste um casaco de oleado e fuma.
Acolhe friamente as nossas perguntas, esquiva-se, não tem interesse em que seu nome ande pelos jornais e mais gostava que a aviação Marítima ficasse esquecida do público, longe dos jornais para que, nos períodos de revolução, ninguém se lembrasse dela ‒ ninguém a incomodasse.
Nós já várias vezes tinhamos entrado naquela doca e temos notado que ali sempre se trabalha e já uma vez, o seu ilustre comandante tivéra a gentilesa de nos mostrar os aparelhos e depois fizemos um pequeno passeio no Tejo, quando da vinda dos americanos a Lisboa. Foi esta a primeira vez que lá voltamos depois. O mesmo aspecto, o mesmo mar, rolando junto da muralha.
‒ Sabemos que V. Ex.ª tenciosa ir ao Brazil...
‒ Sim.
‒ Quando?
‒ Ainda não sabemos. Estamos trabalhando e se alguma coisa se resolver, partiremos daqui no fim dêste mês. Está tudo ainda por resolver. Téem saído vários notícias a nosso respeito e nenhuma delas é verdadeira. Não gosto de afirmar aquilo que não faço; só falo nas coisas depois de as ter realizado. Nós os portugueses somos muito de hipoteses. É mau costume. É um defeito da raça. A nossa viagem à Madeira fez-se no máximo silêncio. Combinou-se, partimos. Não foram precisos reclames. Quando voltámos fiz uma conferência e nada mais.
‒ O govêrno recebeu agrado a notícia?
‒ Sim.
‒ A ideia foi de V. Exª?
‒ Sim. Lembrei-me de ir ao Brazil; se conseguir realizar o meu projecto, bem, no caso contrário não era preciso falar nele.
‒ Quando tem V. Exª a certeza?
‒ No dia 25. Se os navios partirem até ao fim do mês, é porque iremos. Tenciono fazer escala pelas Canárias.
‒ Quando tempo tenciona levar?
‒ É impossível dize-lo. Depende de tudo, é provavel que nem sempre tenhamos condições favoraveis para voar. Depende de muita coisa.
‒ Qual é o aparelho?
‒ Estamos a construi-lo. Posso dizer-lhe que é mais pequeno do que aquele em que fizemos a travessia para a Madeira.
‒ Se realizarem a travessia, voltarão ao aparelho?
‒ Não, é impossivel. Ficaremos até ao final das festas e depois...
O capitão Sacadura responde-nos distraidamente, mostrando por vezes que pouco o interessava falar sôbre planos não assentes.
‒ Os cruzadores deverão acompanha-los em todo o percurso...
‒ Naturalmente. Nós precisamos ser abastecidos pelo caminho. Os depósitos não podem transportar tanta gazolina. Veremos. Só depois falarei dessa viagem, por enquanto todo o trabalho é pouco...
Um apêrto de mão. O capitão Sacadura ficou ainda junto da janela do seu gabinete, fumando o seu cigarro.
O nosso encontro tinha sido rápido. Frases curtas, enfado pela conversa. O capitão Sacadura, distraido, naturalmente a pensar na sua monumental travessia, o primeiro aviador português que atravessou o oceano, que se abalançou na incerteza da imensidade do Atlântico...
O seu rosto firme, acostumado a ordenar nada divulgava.
O mesmo aspecto, quando entramos e quando saimos. A chuva continuava a cair violenta sôbre a cidade. O céu pardacento, o mar esverdeado, pouca luz, tarde de primavera ‒ quási tarde de inverno.
Nós pensavamos. Atrai-nos aquela travessia, o oceano imenso e azul e depois o Brazil, a nossa pátrica irmã, terra onde se fala a nossa lingua e onde tudo lembra Portugal.
Portugal que atravessando mares nunca vizitados, foi arrancar essa terra-maravilha ao fundo da ignorância em que viviam todos os povos.
Ali, na doca do Bom Sucesso, a história das descobertas passou toda junto de nós. O progresso, a civilização, modificou os meios de transporte e agora, pleno Século XX, será outro português, um aviador dos nossos que pela primeira vez ‒ a história repete-se ‒ irá procurar atravez de ventos pouco vizitados, a pátria irmã de Alem-Oceano, por quem nós nutrimos especial amizade, adentro do concêrto das nações. Um aviador português dos mais ilustres fará parar o seu aparelho junto das terras de Santa Cruz.
Dentro dêsse avião irá a alma portuguesa, saudar o Brazil e mostrar mais uma vez que nenhuma rivalidade existe entre os dois povos, antes pelo contrário, dia a dia, se estreitam mais os laços de amizade que se até hoje tem vivido no campo do sonho e na alma dos poetas dos paises que muito se estimam e muito sabem amar o seu valor intriseco que na origem é quási igual. Só tem a separa-lo o imenso Oceano que provavelmente será atravessado por um ilustre aviador português."

A próxima exposição do Departamento Cultural, no próximo mês, será focada nesse ilustre aviador, não perca!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Nova sessão: banco de dados!

Você gostaria de conhecer mais sobre o acervo literário da Biblioteca Portuguesa de São Paulo?

Um novo espaço foi adicionado ao nosso blog: o banco de dados! Lá será possível consultar quais são os materiais que estão disponíveis para pesquisa, os diversos livros e periódicos luso-brasileiros que encontram-se na nossa biblioteca.
Esta área está em construção e novos dados serão adicionados posteriormente, mas no momento você já pode visualizar a listagem dos periódicos brasileiros.


A Biblioteca está aberta para visitação de segunda à sexta, das 09h às 15h30. O agendamento pode ser realizado através do telefone (11) 3663-5953, ou pelo e-mail: biblioteca@clubeportuguessp.com.br

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Gabinete de Curiosidades

Já ouvir falar nos GABINETES DE CURIOSIDADES?!
Eles foram os precursores dos atuais museus, e surgiram nos séculos XVI e XVII. Grandes catálogos com materiais de diversas áreas eram acumulados com o intuito de promover e avançar a ciência da época. As categorias nas quais eram organizados poderiam ser chamadas de: artificialia, naturalia, exotica e scientifica.

Em alguns casos, era possível encontrar itens curiosos, como sangue seco de dragão ou esqueletos de animais místicos. Os gabinetes se tornaram a casa de muitos dos animais, vegetais e outras peças encontrados nas grandes navegações e descobrimentos. 

A Biblioteca Portuguesa de São Paulo montou uma pequena mostra do Gabinete de Curiosidades artificialia (que se caracteriza por conter objetos criados ou modificados pela mão humana) com obras de nosso acervo. Podem ser vistos bustos de grandes personalidades luso-brasileiras - como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e Camões -, além de alguns prêmios e homenagens ao Clube Português.

Venha conferir a nossa exposição! A Biblioteca está aberta ao público de segunda à sexta, das 9h às 15h30.




quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Portugal lança a primeira semana mundial do mar


“Objetivo é tornar Lisboa na capital dos oceanos”, diz Assunção Cristas


"A ministra portuguesa da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, acaba de apresentar a primeira Semana Azul – semana mundial do mar - uma iniciativa que tem como objetivo colocar Portugal na liderança dos assuntos do mar.


A Semana Azul, que irá acontecer entre 4 e 6 de junho, tem como objetivo “tornar Lisboa na capital dos oceanos, a capital do mar, trazer as pessoas ao país e mostrar o que temos de bom, que é feito na nossa área econômica, científica e de inovação", explica a ministra.

Com o objetivo de tornar Lisboa na capital marítima do mundo em junho deste ano, a Semana Azul irá ainda facilitar a permanência, em Portugal, de empresas, investigadores e empreendedores de todo o mundo, que queiram partilhar suas experiências, conhecer o país e, também, investir nele.
Além de estudiosos e interessados pela temática, Assunção Cristas está contando também com a presença de seus homólogos dos quatro cantos do mundo, que irão participar de uma cimeira mundial dos ministros do mar.

A Semana Azul está incluída nas metas do Governo português, que pretende aumentar o peso do setor do mar em 50% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2020 e dentro de uma nova legislação aprovada que permite aos investidores, quer nacionais, quer internacionais, terem argumentos sólidos para desenvolver o setor.

Carlos Moedas, comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, diz apoiar a iniciativa por considerar que o setor do mar "é de grande importância" para a União Europeia. "A economia azul na Europa representa 5 milhões de empregos e é um grande objetivo da União para 2020 conseguir aumentar esse número de empregos até 7 milhões. Isso vai depender do esforço de investimento dos privados, do público e de todos aqueles que vão contribuir para que esta economia azul seja realmente aquilo que nos diferencia em relação a outros continentes", observou.

A Semana Azul será composta por várias iniciativas, entre as quais uma conferência internacional organizada pelo The Economist, um "Blue Business Forum", organizado pela Fundação AIP (Associação Industrial Portuguesa) e pela FIL (Feira Internacional de Lisboa)."
                                                                                                                     Juliana Martins