O Encontro da Associação de Estudos da Mulher Migrante aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro, no Palácio das Necessidades, Largo do Rilvas, em Lisboa.
Este Encontro Mundial é organizado pela "Mulher Migrante Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade", com o patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
A Diretora Cultural do Clube Português, Maria dos Anjos Oliveira, entregou para as organizadoras do congresso, Dra. Maria Manuela Aguiar e Dra. Rita Gomes, um dossiê das atividades culturais da entidade em 2013 e as Láureas Luis de Camões, outorgadas pelo Clube Português.
Sobre o balanço e a importância deste Encontro, compartilhamos com nossos internautas o texto da Dra. Maria Manuela Aguiar, que nos foi enviado pela jornalista Eulália Moreno:
São 20 anos da "Mulher Migrante- Associação de Estudos, Cooperação e Solidariedade".
20 anos de intenso envolvimento na vida das comunidades da Diáspora, olhando a sua situação e o seu evoluir, através da acção, das perspectivas e projectos de mulheres, que estão, ainda quando não parecem estar, na base da sua construção e das suas profundas transformações.
20 anos de estudo: de apelo constante a um encontro de mundos, não muito fáceis de aproximar - o mundo do "saber de experiência feito" e o da investigação científica - que sempre, com excelentes resultados, procurámos pôr em diálogo nos numerosos congressos, colóquios, jornadas de reflexão, em que é pródigo este passado de duas décadas.
20 anos de cooperação e solidariedade com instituições de muitas comunidades e países e com sucessivos governos, no que poderemos chamar políticas de emigração, com uma componente fundamental de género..
Em Portugal, o embrião das políticas para a igualdade e promoção activa da cidadania, através da audição das mulheres da diáspora, vem de longe, da meia década de 80, podendo nós, por isso, reclamar neste domínio um inquestionável pioneirismo, em termos europeus e universais - mais um dos assomos de vanguardismo com que o nosso País surpreende os outros, de vez em quando...
Mas foi preciso esperar pelo início do século XXI para podermos falar de políticas desenvolvidas com caracter sistemático, no cumprimento assumido, dentro e fora do País, das tarefas que o legislador constitucional impõe ao Estado para promover o aprofundamento da democracia, que passa necessariamente pela efectiva igualdade para as mulheres na vida da República, ou "res publica".
Julgo que podemos afirmar que e emergência de um novo ciclo de políticas para a igualdade, se abriu com os " Encontros para a Cidadania - a igualdade entre homens e mulheres"., realizados em diferentes regiões do mundo, entre 2004 e 2009, e agora continuados em Encontros Mundiais de caracter periódico, numa parceria entre o Governo e a "sociedade civil", conforme o previsto na inédita Resolução nº 32/2010, proposta pelo então deputado pela Emigração José Cesário.
A AEMM, cujas fundadoras haviam estado, quase todas, na organização do 1º Encontro Mundial em 1985, ligou, de uma forma explícita, querida e afirmada, o seu destino a este processo histórico - e o tê-lo conseguido até ao presente reforça a vontade de se transcender em novas iniciativas e colaborações cívicas, levadas a cabo, como sempre aconteceu, em espírito de puro voluntariado e com o impulso de fortes convicções.
As políticas de género na emigração - e a AEMM pode bem testemunha-lo enquanto parceira de governos de diferentes quadrantes político partidários - são um exemplo de continuidade, de respeito pelos princípios constitucionais, vazados em boas práticas - uma continuidade que é coisa rara em Portugal, cuja vida pública é marcada pela tentação de destruir tudo o que vem do passado, por vezes até dentro do mesmo governo (com a simples mudança do titular da pasta), num quadro de permanente instabilidade, em rupturas e recomeços que significam tremendos desperdícios de meios e energias...
É, pois, muito bom poder, em contracorrente, prosseguir, com o Dr José Cesário, o trabalho encetado com o Dr. António Braga, com a Dra Maria Barroso. a Presidente dos Encontros para a Cidadania, grande cidadã Portuguesa, que nos deu a honra de conosco tem estado, como inspiradora e aliada, desde o início.
20 anos, a perseguir a utopia igualitária! Utopia ainda, mas a permitir-nos falar em certezas de progresso, nas expressões femininas da cidadania, pondo em foco as suas realizações, nos múltiplos domínios em que interagem com os homens no espaço nas comunidades do estrangeiro. Na verdade, o todo das comunidades, os homens, como as mulheres, não estão ausentes das nossas preocupações, porque o equilíbrio que desejamos é necessariamente construído também com eles`.
É a emigração toda que está no horizonte das nossas preocupações nesta conjuntura dramática que atravessamos, perante um êxodo desmesurado em que as mulheres, pela primeira vez, ombreiam com os homens, e os trabalhadores menos qualificados, com o melhor da "inteligentzia" nacional...
Os movimentos migratórios actuais criaram novos estereótipos. que levam à negaçãod a existência, ou, melhor, da coexistência de uma emigração de perfil tradicional, num eterno recomeço... Portugal é o País das migrações sem fim, como eu não deixei de lembrar nos tempos em que nascia a AEMM e em que a "classe política", se me posso permitir esta generalização, acreditava que a adesão à CEE, com a sua promessa de desenvolvimento imparável, pusera termo a um fenómeno até então considerado como inelutável...
Vamos agora, ao longo de dois dias de diálogo, reflectir e falar sobre a emigração feminina, sobre as jovens envolvidas no recomeço destas grandes vagas migratórias e, igualmente, sobre as que têm já um longo percurso nas comunidades, questionando a relação entre género e formas de expressão na política, no associativismo, nas artes, na prática empresarial...
É ainda cedo para sabermos se os que partem deixam o País para trás, ou o levam consigo, se são "desistentes" ou "resistentes"...As mulheres terão a palavra para fazer prognósticos sobre o seu futuro no movimento para o futuro das comunidades, enquanto parte integrante da nação portuguesa em diáspora.
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Capa do programa do Encontro |
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Interior do Palácio das Necessidades |
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Público presente a abertura do Encontro no dia 24 de outubro |
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Dra. Rita Gomes ao microfone |
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Dra. Maria Manuela Aguiar e Maria dos Anjos Oliveira |
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Dra. Maria Manuela Aguiar recebe a Láurea Luis de Camões do Clube
Português de São Paulo |
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Dra. Maria Manuela Aguiar recebe a Láurea Luis de Camões do Clube
Português de São Paulo |
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Maria dos Anjos Oliveira, deputada Maria João Ávila e Thais Matarazzo |
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Maria dos Anjos Oliveira, Thais Matarazzo e a deputada Maria João Ávila |
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Dra. Maria Manuela Aguiar e Maria dos Anjos Oliveira |
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Maria dos Anjos Oliveira e Dra. Rita Gomes |
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Maria dos Anjos Oliveira, Dra. Rita Gomes e Thais Matarazzo |