quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ciça Marinho e Sérgio Borges, o casal do Fado no Brasil


Ciça Marinho e Sérgio Borges

O Blog da Biblioteca do Clube Português, através da sua Diretora Cultural, Maria dos Anjos Oliveira, iniciará uma série de entrevistas com artistas e personalidades ligadas a cultura.

E para começar, trazemos para nossos internautas uma entrevista com o casal Ciça Marinho e Sérgio Borges, dois brasileiros que se dedicam ao Fado no Brasil. Ambos fazem parte da geração de intérpretes e músicos brasileiros, com descendência portuguesa, que defendem e continuam essa tradição musical fora de Portugal. Afinal a música não tem fronteiras e o Fado é considerado pela Unesco, desde 2011, Patrimônio Imaterial da Humanidade. 
A fadista Ciça Marinho é uma artista muito querida na capital paulista, onde atua em vários casas típicas e shows por todo o Brasil. Portadora de alto astral, simpatia contagiante, carisma e voz potente. Ingredientes que garantem seu sucesso artístico! E é com ela que vamos iniciar nosso bate-papo.
Blog Biblioteca Portuguesa - Nos conte como você ingressou no mundo da música portuguesa?
Ciça Marinho - Em abril de 1996 cantei num fado vadio no Restaurante Cais do Porto e ali estavam os proprietários (Bento e Sofia) de um restaurante que estava para inaugurar no mês de junho chamado O Castiço. Após minha apresentação me convidaram a fazer parte do elenco da casa. Assim iniciei minha carreira como cantora profissional, porém desde criança me apresentei em alguns programas de calouros como Silvio Santos, Edy Carlos e Canarinho, sempre cantando fado. Minha paixão pelo fado vem desde os quatro anos de idade quando ouvi Amália Rodrigues pela primeira vez.

BBP - Quantos Cd's você já lançou no Brasil? Também tem trabalhos lançados em Portugal?
C.M. - Foram três CDs e um DVD, sendo DVD e CD Ciça Marinho Ao Vivo em 2006; Minhas Raízes em 2008, que foi finalizado e apresentado em algumas rádios de Portugal. E o último com participações de guitarristas portugueses e do fadista Jorge Fernando, Além Mar, Além de Mim, de 2012, cujo lançamento contei com a participação dos fadistas Jorge Fernando e Fábia Rebordão. 
BBP - Como atual representante do Fado no Brasil, você acredita que a geração de brasileiros que dedicam-se a música portuguesa em nosso país tem chances de visibilidade e oportunidades artísticas?
C.M. - Acredito que com um trabalho de qualidade e profissionalismo as oportunidades possam surgir com certeza. Atualmente os fadistas portugueses estão investindo muito no Brasil para divulgação do fado o que, para nós, fadistas no Brasil, é um momento importante para uma maior visibilidade do trabalho.

BBP- Qual a sua maior emoção como artista?
C.M. - Cantar as minhas raízes, como filha de portugueses, sempre foi emocionante e contar com a parceria do meu marido e músico Sérgio Borges é enriquecedor. Outra emoção muito forte foi ser chamada de fadista em Portugal.

BBP- Tem novos projetos para 2014?
C.M. - Muitos... Tenho alguns projetos em andamento no Brasil e para fora, que acredito que com muito trabalho e dedicação passam ser concretizados. 
Ciça e Sérgio no restaurante Rancho 53, em São Paulo
  
Tanto Ciça como Sérgio são colaboradores do Depto Cultural do Clube Português. Com assiduidade tomam parte das atividades culturais da entidade. Foram destaques da 1a. Feira Literária e Musical e no Sarau do Fado Vadio e pré-lançamento do livro Fado no Brasil: Artistas & Memórias, de Thais Matarazzo, ambos ocorridos no mês de setembro.



Agora é a vez de conversamos com Sérgio Borges e sabermos um pouco mais sobre sua carreira artística.

Blog Biblioteca Portuguesa - Qual foi seu primeiro contato com a música portuguesa?
Sérgio Borges - Foi através de meu tio, o violonista Bonfim, que trabalhava com o maestro Manuel Marques e também com o Grupo Folclórico Minhoto. A primeira vez foi até no "susto" pois, meu tio me ligou pedindo pra eu ir até a sede do Grupo Minhoto urgente que tinha um show em Santos e precisavam de um baixista. O problema é que, além de não conhecer o grupo, não conhecia nada de folclore (a não ser alguma coisa de Roberto Leal) e também nunca havia tocado baixo na vida. Meu instrumento era violão e o cavaquinho. Bom, mesmo assim fui confiando no meu tio e no meu ouvido musical. Depois desse show o Fernando Rachas (dono do grupo) me convidou a ensaiar e fazer parte da tocata. Isso foi em 1991.

BBP - Quando começou a dedicar-se ao Fado?

S.B. - Uns três meses depois de entrar para o Grupo Minhoto, o Trio Manuel Marques ficou desfalcado de baixista, pois quem tocava era o neto do maestro Manuel Marques que resolveu ir embora para Portugal. Acabei assumindo a vaga dele, também por indicação do Bonfim, e depois disso entrei de vez na música portuguesa e no fado acompanhando o trio e também todos os fadistas.

BBP - Além de tocar e acompanhar os fadistas, você é também compositor?
S.B. - Ainda não me arrisquei a compor mas penso em fazer alguma coisa em parceria com a Ciça Marinho.

BBP - Nos conte momentos interessantes sobre sua parceria musical com a Ciça Marinho.
S.B. - Um fato curioso é que até um mês antes de eu entrar no Rancho 53, em novembro de 2003, eu conhecia todos os artistas do fado menos a Ciça. Conhecia de ouvir falar, até porque o meu tio ensaiava com ela de vez em quando. Em outubro de 2003, o Thiago Felipe me convidou para tocar para ele e a Ciça num show em Itapecerica da Serra e foi aí que a conheci. Em seguida, ela me convidou a substituir o viola Carlão que estava hospitalizado. Eu aceitei. Com o falecimento do Carlão, acabei assumindo o lugar dele. Daí veio a parceria musical onde eu acho que, tanto eu como ela aprendemos e crescemos muito com a união de forças. Dois anos depois, como ela estava separada do primeiro marido e eu da primeira esposa, acabamos por namorar e há três anos estamos casados. Da parceria musical vieram os três CDs e um DVD, as viagens para Portugal para divulgação dos nossos trabalhos e várias conquistas através de um trabalho luso-brasileiro. Em 2014, pretendo continuar cuidando da carreira minha e da Ciça na divulgação da música luso-brasileira.

BBP - Já atuou fora do Brasil?
S.B. - Estive em Portugal três vezes e em 2010 toquei com o Ricardo Araújo em Moscou.
***
Ciça Marinho e Sérgio Borges formam um casal talentoso. Desejamos a eles e a todos os brasileiros que cantam o fado, muito sucesso em suas trajetórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário