terça-feira, 1 de outubro de 2013

“Aníbal Augusto Sardinha - Garoto, o Gênio das Cordas” - um luso-descendente



       O Departamento Cultural do Clube Português de São Paulo tem a honra de convidar o público para a merecida homenagem ao grande músico e compositor Aníbal Augusto Sardinha, um luso-descendente.
      Com organização da Diretora Cultural da entidade, Maria dos Anjos Oliveira, e do maestro Mário Albanese, o evento contará com uma apresentação musical, comandada por Albanese, Bonfim, Silvio Santisteban e Francisco Araújo. Explanações e curiosidades sobre a vida e obra do grande músico serão apresentadas por Albanese, João Tomás do Amaral (apresentador do programa de rádio "Chorinho Brasil") e pelo prof. José de Almeida Amaral Júnior (autor do livro "Chorando na Garoa").
       A homenagem acontecerá no próximo domingo, 6 de outubro, a partir das 15 horas na sede do Clube Português, à Rua Turiassú, 59, Perdizes.
       Mais informações: 3663-5953 ou biblioteca@clubeportuguessp.com.br
       Não percam!

Garoto, um dos grandes gênios da MPB

Biografia de Garoto
      Aníbal Augusto Sardinha. Instrumentista e compositor.
     (São Paulo SP 28/6/1915  -Rio de Janeiro RJ 3/5/1955).
     Filho dos portugueses Antônio Augusto Sardinha e Adosinha dos Anjos Sardinha, o pai tocava guitarra portuguesa e violão, e o irmão, Batista, tinha um conjunto em que tocava banjo e outros instrumentos. Começou a tocar sozinho, de ouvido e, ganhando um banjo do irmão, integrou em 1926, com apenas 11 anos, o Regional Irmãos Armani, ficando conhecido então como Moleque do Banjo, por sua pouca idade. No ano seguinte passou a tocar no Conjunto dos Sócios, pertencente ao irmão Inocêncio, cantor e violonista, apresentando-se em reuniões e festas.
     Em 1930, com o violonista Serelepe (D. Montezano), apresentou-se ao diretor artístico da Parlophon, maestro Mignone e, depois de um teste, foram convidados no mesmo dia para gravar. Lançaram então em disco Bichinho de queijo, maxixe-choro, e Driblando, maxixe, duas composições suas, em duo de banjo e violão (no selo do disco consta o nome de Aníbal da Cruz como autor, que é ele próprio). Na porta da gravadora travou relações com Zezinho, mais tarde conhecido como Aimoré, com quem passou a tocar, fazendo serenatas todas as noites no bairro da Luz, na capital paulista. Depois, substituiu Derbagno no conjunto Chorões Sertanejos, com o qual viajou pelo interior de São Paulo. De volta à capital do Estado, trabalhou no Teatro Moulin Rouge e no Circo Piolin, do Largo do Paissandu.
     Em 1931 passou a atuar profissionalmente na Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), tocando cavaquinho e bandolim no Conjunto Regional, em substituição a Zé Carioca, então Zezinho do Banjo. Deixou a emissora no mesmo ano, passando a tocar no Jazz da Cruz Azul. Em fins de 1934 foi convidado por Jaime Redondo, da Rádio Cosmos, de São Paulo, para integrar, ao lado de Aimoré, Atílio Grani, Pingo e Petit (Hudson Gaia), o Conjunto Regional, liderado por este último. Na época, por sugestão do próprio Redondo, mudou seu apelido de Moleque do Banjo para Garoto, e compôs, no mesmo ano, a música Quinze de Julho (com Aimoré). No ano seguinte organizou, com Petit e Aimoré, um trio que se apresentou no salão nobre do Edifício Martinelli, em São Paulo. Com o fechamento da Rádio Cosmos, ficou algum tempo sem trabalho, sendo depois convidado a participar da Quarta Caravana Artística com temporada em Curitiba, no Cassino Rodoviário do Paraná. De lá, com Aimoré, foi para Porto Alegre RS, atuando no Cassino Farroupilha, e para Buenos Aires, Argentina, onde acompanharam Carlos Gardel em alguns números. Retornando a São Paulo, apresentou-se, com Aimoré e Sílvio Caldas, em Santos, quando obteve grande sucesso tocando violão-tenor.
      Em 1936, com Aimoré no acompanhamento, gravou pela Columbia dois 78 rpm, com suas músicas Dolente, choro, Moreninha e Sobre o mar, valsas com solo de guitarra havaiana pelo autor, e Quinze de Julho, com solo de violão-tenor. No mesmo ano, a convite de Sílvio Caldas, foi com Aimoré para o Rio de Janeiro, chegando a estrear na Rádio Mayrink Veiga. Contudo, por problemas de saúde, voltou a São Paulo, onde foi convidado, em 1937, pelo maestro Gaó, para integrar o conjunto regional da Rádio Cruzeiro do Sul. Dois anos depois casou e desfez a dupla com Aimoré, seguindo para o Rio de Janeiro, onde passou a tocar com Laurindo de Almeida. Com a saída do violonista Ivo Astolfi do Bando da Lua, Carmen Miranda chamou-o para substituí-lo. Permaneceu oito meses nos E.U.A. com o conjunto. De volta ao Brasil, formou o conjunto Garoto e seus Garotos, integrado por Valdemar Reis, Poli e Almeida ao violão, e Russo do Pandeiro. Mais tarde, quando o conjunto se desfez, foi para a Rádio Nacional, participando de vários programas com Carolina Cardoso de Meneses e atuando na Orquestra da Rádio Nacional, regida por Radamés Gnattali.
      De 1942 a 1946 gravou, na Victor, seis 78 rpm com Carolina Cardoso de Meneses, sob o título Garoto e Carolina, e, cinco anos depois, formou dupla com José Meneses, participando do programa Nada Além de Dois Minutos, de Paulo Roberto, na Rádio Nacional. Ali, trocava de instrumentos sem perder a seqüência das músicas, alternando violão, guitarra, violão-tenor e cavaquinho. Ainda com José Meneses atuou em outros programas, como Ao Som da Viola e Um Milhão de Melodias, em que eram solistas da Orquestra da Rádio Nacional, além de terem gravado vários discos.
      Em 1952 surgiu o Trio Surdina, produzido por Paulo Tapajós, então diretor artístico da Rádio Nacional. Formado por Fafá Lemos (violino e solos de assobio), Chiquinho (acordeom) e ele próprio (violão), o trio gravou dois LPs de 10 polegadas, a convite de Nilo Sérgio, pela Musidisc. Realizadas no próprio estúdio da Rádio Nacional, nessas gravações foram incluídos mais dois elementos no grupo, o contrabaixista Vidal e o ritmista Bicalho. Lançado em 1953, o primeiro LP, Trio Surdina, trazia, entre outras, suas músicas O relógio da vovó (com Fafá Lemos e Chiquinho do Acordeom) e Duas contas, e ainda Na madrugada (Nilo Sérgio). No mesmo ano, com a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, regida pelo maestro Eleazar de Carvalho, tocou o Concerto nº 2, para violão e orquestra, da Radamés Gnattali, que lhe era dedicado. Ainda em 1953 compôs, com Chiquinho do Acordeom, São Paulo quatrocentão (com letra de Avaré), para o IV Centenário de São Paulo, que vendeu 700 mil discos. Foi ainda naquele ano que gravou seu primeiro disco como violonista, pela Odeon, com Abismo de rosas (Canhoto) e Tristezas de um violão (de sua autoria). Ao longo de sua carreira, estudou música com Atílio Bernardini e composição com João Sepe, cursando matérias afins com Radamés Gnattali. Como compositor, além de São Paulo quatrocentão, obteve grande sucesso com Amoroso (com Luís Bittencourt), Estranha amor (com Davi Nasser), Sorriu para mim (com Iraci de Abreu de Medeiros Rosa), Duas contas e Gente humilde, cuja letra foi escrita mais tarde por Chico Buarque e Vinícius de Morais. Gravou ainda, como instrumentista de corda, sambas, choros, prelúdios, valsas, além de composições de músicos eruditos. Morreu em 1955, de um ataque cardíaco, quando planejava excursão à Europa.

Fonte: Enciclopédia da Música Popular Brasileira.


Um comentário:

  1. Maravilha!!! Bela biografia...Das suas músicas só conhecia: "Gente Humilde". Bela homenagem.

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