segunda-feira, 29 de julho de 2013

domingo, 21 de julho de 2013

O ex-libris da Biblioteca do Clube Português



Os ex-libris são etiquetas que se costumam colar na parte interior das encadernações e que querem significar que o livro pertence à pessoa que nelas tem o nome. Inventaram-se para substituir o carimbo, que sempre danificam e desvalorizam o volume.

A quantos séculos remontam sua invenção? Não se sabe.

O que, porém, todos sabem é que os antigos costumavam imprimir seu nome, brasão, monograma ou qualquer distintivo particular, a ouro ou a fogo, no rosto das encadernações.  O ex-libris veio substituí-lo e tornou-se dentro em pouco uma coisa linda e artística. Muitas pessoas, no mundo todo, colecionam ex-libris.

O ex-libris da Biblioteca Portuguesa de São Paulo, do Clube Português, foi idealizado por Antônio D’Almeida D’Eça, que durante alguns anos foi o bibliotecário titular, e desenhado por José Wasth Rodrigues. O candieiro da gravura é semelhante ao de Roque Gameiro para a capa do livro Cartas de Camilo Castelo Branco.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

As “diligências por trilhos de ferro” - por Raimundo Menezes




 E os primeiros bondes, quando aparecem aqui em São Paulo?

Em 1871,  ao engenheiro Nicolau Rodrigo Leite era dada a concessão, por 50 anos, para o “estabelecimento de uma linha de diligencias por trilho de ferro entre o Largo do Carmo e a Estação Inglesa”. Aquele engenheiro, porém, não aguentou com as despesas, e transferiu a concessão à Companhia Carris de Ferro de São Paulo, organizada no Rio de Janeiro. Só em 1887 foi inaugurada a linha do Brás, “partindo da estação seis bondes enfileirados até o ponto final, que era a gare do Norte”. Instalando-se, depois, outras linhas: uma, do Parque Dom Pedro II, passando pela Rua do Glicério, ia bater no Largo do Cambuci, e diversas mais, ligando vários pontos da cidade.

As “diligências por trilho de ferro” obtiveram grande êxito e foram muito gabadas pela população, na época.

O serviço de bondes, propriamente ditos, puxados a burro, só se iniciou a dois de fevereiro de 1872, na presidência de João Teodoro. Eram minúsculos, muito estreitos e tinham comumente três bancos. Os maiores contavam com cinco.

Nos últimos tempos da Monarquia, trafegavam 34 carros de passageiros e nove de carga. Havia linhas para a Liberdade, Moóca, Brás, Marco da Meia Légua, Luz, Santa Cecília e Consolação.

Os carros abrangiam sete ou oito bancos, e eram puxados por um ou dois burros. “Os cocheiros, pródigos em chicotadas, cujos golpes ruidosamente se repartiam entre os animais e o anteparo metálico por trás do qual o funcionário se abrigava. Os condutores, não menos pródigos em longos e chorosos toques de apito, que era o instrumento que então desempenhava as funções premonitórias hoje atribuídas às campainhas nos bondes e as sereias nos carros de assistência”.

A empresa era a Companhia Viação Paulista, cujas iniciais CVP, pintadas nos carros, eram assim, jocosamente, interpretadas pelo povo: “Cada vez pior”. E, de fato, não se pode dizer que o serviço fosse uma maravilha. Tinha suas falhas como em todos os tempos. De vez em quando, um daqueles morosíssimos veículos pulava da linha. Juntava gente para ver o desastre. E era um trabalhão para pô-lo na linha.




Naqueles tão ditosos tempos, comentava um cronista de então, os grandes passeios que podiam se fazer de bonde eram dois, e tinham apreciadores habituais. Além disso, aquilo era uma maravilha para quem vinha do interior tomar seu banhozinho de civilização na capital...

A primeira dessas excursões era o Marco da Meia Légua, ali assim pelos confins do Belenzinho, na Estrada da Penha, atualmente transformada em avenida com iluminação e calçamento. O Marco era uma espécie de recanto campestre, fora do bulício da cidade. Havia por lá umas chácaras, numa das quais residia um alemão pacato bonachão, o João Boemer. Tinha ele uma fábrica de cerveja, com um lugar franqueado à sua freguesia, por sinal bem numerosa.

A cerveja de fabricação do simpático João Boemer chamava-se “Cerveja da Penha” e custava 500 réis a garrafa. Que maravilha! Mas pensam os leitores que a bebida era um primor? Qual... Era uma garapa azeda como o quê? A turma bebia porque não havia outro jeito. A estrangeira ou a do Rio – marcas Pá, Viena, Franziskaner etc – era vendida na praça a um preço exorbitante. Só os ricos podiam gozá-la: chegava a custa 1$500 a garrafa!

O outro passeio era a “Volta da Consolação”. Assim se chamava o circuito que o bondezinho de burro fazia pela Rua D. Maria Antônia, indo da Rua Veridiana para a da Consolação, por onde regressava à cidade, e vice-versa.

A Rua D. Maria Antônia – descrevem-na os que a viram – era um bonito pedaço de estrada barrenta, ornada de vegetação exuberante e barranqueiras pitorescas. De lá se avistava a cidade, ao longe. Vejam que distância... Ao longe, sim, pois que nada ainda exista de Vila Buarque, como também não havia sombra de Higienópolis, nem a rede de ruas que se estende entre as igrejas de Santa Cecília e do Coração de Jesus.

Na Rua D. Veridiana, um prédio chamava a atenção, apontado como o mais bonito de São Paulo: era a mansão habitada por D. Veridiana Prado, paulista da velha estirpe, muito querida e apreciada pelos seus dotes morais.

Na Rua da Consolação, mais ou menos da igreja para cima, não havia calçamento, e era toda ela enxameada de casinholas miseráveis, que iam rareando a proporção que a gente se aproximava do Cemitério da Consolação, que ficava completamente fora do perímetro urbano. Aquilo por ali já era mato. Basta dizer que, ao redor do campo santo, havia uns capões densos e cerrados, de causar medo, onde se escondiam bichos e onde o paulistano, nos dias de domingo, ia caçar perdizes...

Depois do cemitério, estendia-se a velha Estrada de Pinheiros, verdadeiro sertão bruto! Quem se arriscasse por ali tinha de ir bem armado. Do contrário, corria perigo. De noite então, nem é bom falar. Não havia valentão que se atrevesse. A coisa era de por os cabelos em pé.


Fonte: São Paulo dos nossos avós, de Raimundo de Menezes. Edição Saraiva, 1969.

Imprensa de antigamente – notas e noticiário de um jornal do interior de São Paulo em 1877 e 1878


Papagaio

“Desapareceu do abaixo assinado, no dia 24 do mês corrente, um papagaio grande e muito manso. Desconfia-se que voasse para algum quintal e que esteja oculto, pelo que pede-se a entrega do mesmo sob pena de responsabilidade para quem o tiver ocultado contra vontade de seu dono”.

Escravo fugido

“O escravo Gregório, pardo, idade de 30 a 32 anos, altura mais que regular, corpo reforçado, fala descansada, bons dentes, olhos grandes e sanguíneos, quando quer movê-los depressa, porém seu natural é pesado, pouca barba, ocupa-se em roça, porém faz qualquer serviço. Gosta de lidar com animais, com cães, caçar com espingarda e também gosta de batuque”.

Casa do Doutor

“Pede-se a atenção da autoridade policial para algazarra que fazem todas as noites, no canto da casa do Dr. Gonzaga, a forra Maria Rita e as escravas Balbina e Teodora”.



Fonte: extraído do jornal Portugália, 1/8/1954, p.7. Acervo Biblioteca Portuguesa de S. Paulo.

Saudades





“Saudades é flor sem perfume / quando ainda verdejante, / mas à medida que murcha, / ai, que aroma inebriante!”
(Júlio Diniz)
“Perdi-me dentro de mim / porque eu era labirinto, / e hoje, quando me sinto, / é com saudades de mim”.
(Sá Carneiro)
“A saudade é como a onda; / vai e vem, como costuma: / nas marés, é mais redonda... / sobe mais... faz mais espuma”.
(Marques da Cruz)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A esgrima e o Clube Português


            Em julho de 1929, o curso de esgrima foi instituído no Clube Português juntamente com a inauguração da Biblioteca. A partir de 1929, foram dinamizadas as atividades associativas da entidade. Impulsionadas pela diretoria do biênio 1929-31, tendo como presidente Antonino Sampaio, vice-presidente Júlio da Costa Cabral, 1º tesoureiro João Vaz Fontoura, 2º secretário Júlio Ferreira de Mesquita, 1º secretário João Baptista de Almeida e 2º secretário Antônio D’Almeida D’Eça, também era o diretor cultural.
            Em agosto de 1929, foi inaugurada a Sala de Armas, uma das melhores da Pauliceia. Neste mesmo mês, os alunos estreantes disputaram um campeonato interno nas dependências do Clube, à Av. São João, 126.

Alunos do curso de esgrima, tendo ao centro o instrutor José Pereira Botânico
            A Sala de Armas contava com banheiros e vestiários. As aulas aconteciam aos sábados e domingos, das 20 horas às 23 horas. O instrutor principal e mestre era José Pereira Botânico.
           As provas do Campeonato Estadual de Esgrima de 1929, promovido pela Federação Paulista, teve princípio na Sala de Armas do Clube Português em outubro daquele ano. O torneio realizado no salão nobre e decorreu animado, assistido por grande número de associados, familiares e convidados.
           Os inscritos, Francisco Corrêa, Álvaro de Almeida, Rogério Garcia, Milton Corrêa, Oscar Teixeira e Augusto Courrege, disputaram a taça “Initium”, oferecida pelo instrutor Botânico, e mais duas medalhas destinadas, pela diretoria, aos 1º e 2º colocados.
           O júri foi presidido por José Pereira Botânico, Frederico Moreira, Eugênio de Mello, E. Martinelli, Miguel Morano e Assis Naban, tendo apresentado o seguinte resultado:

1º colocado: Oscar Teixeira, 5 vitórias e 1 derrota.
2º colocado: Rogério Garcia, 4 vitórias e 2 derrotas.
3º colocado: Alfredo Teixeira, 3 vitórias e 1 derrota.
4º colocado: F. Caielli, 2 vitórias e 4 derrotas.
5º colocado: Álvaro de Almeida, 2 vitórias e 4 derrotas.
6º colocado: Milton Corrêa, 1 vitória e 4 derrotas.
Alunos na Sala de Armas

            A aluna Leonor Margarido, grande destaque feminino das alunas (ver postagem anterior), em maio de 1931, aspirando maiores oportunidades, transferiu-se para o Clube Atlético Tietê. Costumava enfrentar os adversários do sexo forte e vencer, sempre com magnífica atuação.
          Em agosto de 1933, a secção de esgrima do Clube Português comemorou seu 4º aniversário. Realizou-se um torneio entre esgrimistas do Clube Itálico e os portugueses. A vitória coube aos jogadores lusos. Tudo ocorreu com o máximo cavalheirismo.
           Em quatro anos o Clube possuía elevado número de atiradores e afeiçoados ao nobre esporte, sendo a Sala de Armas considera uma das melhores da capital paulista. A partir de 1933, a direção de esgrima esteve confiada ao distinto esportista Carlos F. Mesquita. Os atiradores do Clube participaram de vários torneios patrocinados pela Federação Paulista de Esgrima, nos quais obtiveram colocações distintas e excelentes predicados.

Fotografias: Acervo Biblioteca Clube Português de São Paulo

A esgrimista Leonor Margarido

Leonor Margarido (ao centro) fez parte do grupo de esgrimistas do Clube Português

            O Clube Português de São Paulo inaugurou sua sala de armas e as aulas de esgrima em agosto/1929. Dentre as alunas do curso, uma se destacou, Maria Leonor Margarido, que também cantava no Orfeão do Clube.
            Devido a sua dedicação e talento, em 1936, Leonor Margarido foi à primeira campeã brasileira de Florete quando teve início os Campeonatos Brasileiros de Esgrima para o sexo feminino.
            Nascida na capital paulista em 1914, Leonor foi estudante do Mackenzie College no Curso Comercial. Participou e venceu vários torneios de esgrima em São Paulo.
            Segundo nos informa o site www.ahistoria.com.br/esgrima/, este esporte é desenvolvido a partir dos duelos, dividido em três classes de acordo com as armas usadas: florete, espada e sabre. Os esgrimistas usam vestuário branco almofadado e uma máscara para proteger o rosto. O objetivo de um assalto – que dura um tempo determinado – é conseguir um “toque” com a arma numa área-alvo particular do corpo do adversário. Com a florete e a espada só pode ser usada a ponta da arma; com o sabre, o alvo são o tronco para a florete, todo o corpo para a espada, é o corpo, os braços e a cabeça para o sabre.
             A esgrima é um esporte olímpico e também a arte marcial mais antiga do Ocidente.
            O florete tem um peso máximo de 500 g e sua extensão não pode exceder 110 cm. A lâmina é de aço e pode chegar a 90 cm. O floretista deve tentar atingir, com a ponta da arma, o tronco do adversário. O atirador deve tentar atingir o corpo do adversário, da cintura para cima, com qualquer parte da lâmina. A principal condição para esgrimir corretamente é tocar o adversário sem ser tocado, através de movimentos ordenados.
            O interesse de Leonor pela esgrima surgiu através do incentivo de seus irmãos, como ela contou ao repórter do jornal Diário da Noite, em dezembro de 1932: 
Pratico esgrima desde que fui inscrita na Federação Paulista de Esgrima há quatro anos. O meu começo foi como todos os começos no gênero. A princípio todos os esgrimistas exercitam-se para passar o tempo e só começam a dominar a arma escolhida quando se apaixonam pela arte rara, conforme o que aconteceu comigo. E para mostrar minha predileção pela esgrima basta dize que, apesar de também praticar natação e correr, nunca me deixei influenciar por estes esportes a ponto de elegê-los como os do meu gosto principal. Meus três irmãos Ângelo, Antônio e Luiz são esportistas. Praticam a natação, o remo e outros esportes, tendo sido eles meus primeiros mestres. Esse fato e a falta de oposição dos meus pais, naturalmente, é o que me valeram para não ficar sujeita ao preconceito de que a mulher deve ser vedada a prática dos esportes por amor de sua feminilidade”.


Leonor Margarido ao centro da imagem
Fotos: Acervo Biblioteca Clube Português de São Paulo

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ato Cívico "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas" no Clube Português



       No próximo domingo, 9 de junho de 2013, a partir das 10 horas, o Clube Português de São Paulo convida a todos para participarem do ato cívico do "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", com colocação de flores junto ao Busto de Camões e o Porto de Honra oferecido pela entidade. Com realização do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo e Clube Português.
       
       Prosseguindo as comemorações, em 10 de junho, segunda-feira, às 20 horas, haverá na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, à Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, a sessão solene do "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas", propositura do deputado estadual, Dr. Fernand Capez.
       
      De 10 a 15 de junho, a exposição "Os Construtores do Brasil", estará aberta para o público no Hall Monumental da Assembleia Legislativa.














Presidentes e Diretores das entidades luso-paulistanas

Dr. Antônio de Almeida e Silva fala sobre Camões




O ator Tony Correia discorreu sobre Camões

O ator Tony Correia


Exposição de obras raras - tema Camões - acervo biblioteca Clube Português de São Paulo

Exposição de obras raras - tema Camões - acervo biblioteca Clube
Português de São Paulo


Exposição de obras raras - tema Camões - acervo biblioteca Clube Português de São Paulo

Exposição de obras raras - tema Camões - acervo biblioteca Clube
Português de São Paulo

O artista Luiz Gama declamou poemas de Camões


Presidentes e Diretores das entidades luso-paulistanas



Lançamento do livro "Qual é a sua melhor versão?", de Ana Santiago, no Clube Português em 24 de junho




     Convidamos a todos para o lançamento do livro QUAL É A SUA MELHOR VERSÃO?, da escritora portuguesa Ana Santiago, que acontecerá na próxima segunda-feira, 24 de junho, às 19 horas, no Clube Português de São Paulo. Rua Turiassú, 56 - Perdizes. Informações: 3663-5953.